São poucas as vezes que eu consigo condenar um gibi do começo ao fim, de cima pra baixo, do verso ao reverso. E eu acho que a junção de Victor Ginshler e Rob Liefeld conseguiu essa façanha por duas vezes. É o que vemos na revista especial do Deadpool n°8.
A história pega justamente o final da aventura tresloucada da edição anterior - Com os Deadpools de diferentes realidades em sua nave espacial Bea Arthur. Agora, eles estão fugindo de naves da Confederação Ômega. Pra entender melhor como isso tudo aconteceu, precisamos de um flashback do Mercenário Tagarela (Com um apoio do Cabeça-Zumbi).
Inicialmente, a Confederação Omega acabou contratando os mercenários da Tropa Deadpool pra dar uma lição aos nativos rebeldes Saphad do planeta Kanga 7. Mas não foi isso exatamente o que ocorreu no decorrer da missão. Ao conhecer o rei local, um homem barbaro e de visão simples, Deadpool decidiu aproveitar a situação para transformar a Kanga 7 numa especie de paraíso de férias interplanetário. Com isso, eles esperava que o planeta fosse protegido do ataque da Confederação (que seria visto com maus olhos caso atacasse um lugar tão bem visto pelos demais).
Apesar de ter funcionado, as novas ideias lucrativas do Mercenário Tagarela estavam incomodando o Rei dos Saphads e criou uma cisão entre os nativos. Parte ficou com a sua filha, Princesa Teela, que se auto-intitulou rainha e buscava o progresso. Os mais arcaicos ficaram com o velho Rei. Isso aos poucos começou a dividir a própria Tropa Deadpool, criando uma espécie de Guerra Civil mais modesta entre eles.
Se não bastasse isso, Wade Wilson tinha que lidar com a volta da ciumenta Espada Quebrada, a alien com quem se relacionou na missão passada e estava passada com o Deadpool tão prontamente se deitar na cama da Princesa Teela. A Confederação Omega também não desistiu de esmagar os Saphads e sempre estava mandando mais tropas ou novos mercenários para Kanga 7.
Por fim, ao ver que já não tinha mais de onde tirar dinheiro dali, Deadpool decidiu que era hora de deixar o lugar e ainda roubar todo ouro acumulado dos cofres. Com uma ajudinha do anel mágico do Contemplador, Wade encheu a sua nave Bea Arthur de ouro. No fim, quando os mercenários deixaram o planeta, a Guerra Civil entre pai e filha acabou.
Restava um último capítulo agora. Depois de escapar da ciumenta Espada Quebrada, voltamos ao início da história a partir do ponto que começamos. Sem flashbacks, Deadpool e o Cabeça são salvos da prisão da Confederação Omega, mas descobrem mais tarde que o ouro que roubaram de Kanga 7 era falso. Pra piorar, perderam os direitos dos aneis e cada membro da Tropa foi suspenso da brincadeira e voltou pra sua realidade.
Finalmente.
É sério que isso foi feito? Cara, Deadpool é um personagem que nas mãos certas como a de Fabian Nicieza, Joe Kelly e até do atual Gerry Dungan consegue ser um fenômeno. Mas o Ginshler conseguiu se juntar a atrofia narrativa que o Liefeld faz em papel e entregou o maior lixo em 148 páginas que já li. Não se tira nada dessa história. E ela acaba tão sem propósito como começou.
Se tem alguma novidade? Bom, depois de muito crítica, finalmente Rob Liefeld desenhou pés com dedos na última página. Certamente é um marco em sua carreira. Ou um merito de seu arte-finalista.
Coveiro