sábado, 9 de julho de 2011

Descendo do salto!

Vocês devem ter notado que estamos fazendo artigos mais opinativos aqui no site, logo vocês vão ter mais informações sobre eles. Por enquanto, resolvi fazer um também e pensei... sobre o quê? Vou deixar a política pro nosso advogado Felga, a base histórica pro historiador João, a parte musical pro especialista Léo, a boa memória pro super nerd Ed, a parte tecnológica pro entendido Jefe e talvez até sairei da biologia deixando pro Coveiro... Sabe o que eu sei que eles não sabem? Como as mulheres pensam. Então resolvi que vou falar de coisas do universo feminino em relação às HQs.

Photobucket

Todo mundo sabe que as mulheres leitoras de comics reclamam da forma como o gênero é retratado fisicamente nas histórias. Vamos deixar de lado os desenhistas exagerados em medidas desproporcionais (que ocorre nos personagens masculinos também), e vamos falar de algo mais básico. A vestimenta. Os heróis masculinos, em geral, estão sempre com um uniforme da cabeça aos pés, elástico, confortável, e suas botas planas. Mas, as heroínas usam saltos, botas que passam do joelho, fio dental, decote, cabelo solto... É possível ser heroína assim?

Photobucket

Vamos começar pelo salto alto, fator praticamente unânime nas mulheres em HQs. Sim, eles são lindos e ficam lindos, mas dá pra lutar de salto? As mulheres que estão lendo (se é que tem alguma) responderam rapidamente: não. Nem andar é fácil pra quem não usa todo dia, correr, então... impensável. Dar voadoras e pontapés, impossível. Se ela já vai levar porrada e ter um ou outro machucado pra que ser masoquista e mutilar o próprio pé? Porque se a gente passa uma noite em cima deles e o pé dói pra diabo (maldita vaidade), que dirá passar o dia na guerra de salto alto. Fora que não é só a dor momentânea, salto alto em longos períodos pode causar deformação na coluna, problemas nos joelhos e encurtamento o músculo da panturrilha, só pra citar por alto. Como uma heroína pode manter a boa forma com joelho podre, coluna torta e músculo encurtado? O maior vilão, é o famoso (ou não) salto agulha, muito adotado pelos desenhistas de comics.

Photobucket
Salto agulha só se for pra cravar no peito do inimigo

Ainda no calçado, mas saindo do salto: a bota. Botas podem ser flexíveis, mas nem tanto. Principalmente as de borracha. Comprei uma dessas que imitam galochas e nem dá pra subir escada direito, nem vou entrar no mérito de lutar com elas... Mas, ok, elas podem ser de materiais mais elásticos. Porém porque cargas d’água elas, algumas vezes, tem que subir até o joelho? Já tentou dobrar a perna com um cano segurando seu joelho? Quem inventou isso? É uma espécie de cinta liga de látex? Bom, é fato que esses itens são lindos e fetichiosos (inventei essa?), e nós, mulheres, podemos até querer usar de vez em quando e se sentir poderosas neles, mas não são próprios para lutar. Talvez uma telepata não tenha problemas, mas qualquer uma que sai pra porrada me entenderia.

Photobucket

Próximo ponto: a “tanga”. Ela pode ter começado grande, como se usavam nos anos 60, contudo, conforme evoluiu junto com os biquínis foi se tornando cada vez mais impossível de se imaginar em um uniforme de luta. Nem chegando ao mérito do tão utilizado fio-dental (que não deve ser nada agradável de se usar numa briga), mas qualquer “parte de baixo” de uniforme feminino que não seja ao menos um short (mesmo aquele short “é o tchan” que mais parecia mais uma calcinha) não me parece confortável para uma heroína. Aliás, nem pra nós, reles mortais, que vira e mexe temos de fazer o famoso “resgate” quando a querida peça íntima vai adentrando onde não deve pelo movimento das pernas. Agora, imagina uma super-heroína dando suas voadoras, correndo, pulando... haja resgate ou haja incômodo!

Photobucket


Vocês podem pensar então que possam cobrir com uma sainha. Ah, a sainha! Existem já alguns uniformes que envolvem as minissaias. Porquê? Porque uma mulher ia querer lutar de minissaia??? Ou qualquer saia! Façam um experimento, homens, amarrem um pano bem justo na cintura e tentem dar um chute alto. Ou não consegue ou a “saia” vira cinto. Eu li em um blog uma afirmação engraçada sobre a super-girl usar saia pra voar: “além de desconfortável, Metrópoles inteira pode ver sua calcinha”. Muito disso tem a ver com deixar mais “pele” exposta, o que não faz muito sentido já que com ou sem uniforme o corpo é o mesmo (pois esse é justo a ponto de se ver costelas), porém as que não são invulneráveis devem sofrer com isso. Imagina que o uniforme proteja de cortes e tudo mais dado seu material ultra tecnológico, as pobres heroínas de maiô, ou braços de fora (ou aquele único braço de fora sem sentido algum) viveriam sendo as mais lesadas e cheias de cicatrizes. Você dificilmente vê um herói masculino lutando de short, regata ou sem camisa (tirando o Namor).

Photobucket
Sorte dela que é telepata

Outro item quase “de fábrica” dos uniformes femininos é o decote. Quando ele não é exagerado, sem problemas, porém quando ele vai até o umbigo fica meio estranho pra quem precisa de mobilidade. Se heroínas existissem de verdade as páginas de fofoca iam estar cheias de “descuido de Fulana deixa tudo a mostra”. Pode ser uma arma, não é? O inimigo se distrai e elas aproveitam. Neste quesito, muitos uniformes dão a entender que suas usuárias não estão de sutien, afinal, não tem como ter alguns decotes com algo embaixo. Querido amigo leitor, não dá pra ter seios do tamanho dos desenhados e sair pulando por aí sem sutien. Não dá nem pra passar na lombada sem um que dói. Vocês têm algo semelhante que precisa de suporte pra sair pulando, usem a imaginação. Nesse quesito a campeã de decotes sem sustentação é Emma Frost, mas, considerando que ela é telepata e poucas vezes parte pra porrada, vou dar um desconto. Em todos esses quesitos sou fã de uniformes como da Viúva Negra (quando não exagerados no decote ou salto), Kitty Pride, o antigo da Vampira, alguns da Jean Grey, Mulher Aranha, Sue Storm...

Photobucket
E o suporte, Adaga??

O último ponto não faz parte exatamente do uniforme, mas é parte do visual: cabelo solto. Cabelos longos e soltos são sexy, porém nada práticos em nenhuma ocasião. A super-heroína está no meio da luta e... ops! O cabelo tampa sua visão e ela leva um soco. Ou ela ia dar um tiro e o vento joga o cabelo na cara e ela erra, ou entra no olho... me entenderam, né? Muito mais realista seria um cabelo preso ou curto, ou você já viu alguma mulher na academia de longas madeixas soltas?

Photobucket
O novo uniforme da Vampira reúne vários dos citados: Sainha, salto, bota no joelho, decote demais e... pra que ela precisa de um cachecol???

A questão é que, de fato, o vestuário feminino nas HQs é feito pensando em deixá-las mais bonitas, sexy, desejáveis e nem um pouco perto do que seria realmente usado se elas saíssem do papel. Não, não tem problema nenhum elas serem desenhadas assim, nós sabemos que é ficção. Nenhuma leitora de quadrinho se sente insegura (ou não deveria) por causa disso, mas é sempre bom colocar os “pingos nos is” sobre a exagerada necessidade de heroínas com sex apeal. Então, que elas sejam lindas e poderosas lutando com seus saltos, biquínis e cabelos longos, mas que elas sejam só uma idéia no papel e nós continuemos poderosas lutando no nosso real dia-a-dia.

Photobucket

Cammy

comments powered by Disqus