*Artigo escrito por nosso colaborador, Leonardo Bento
A última parte de nossa viagem pelo mundo atrás de como a Marvel é publicada no exterior chega à casa da Panini – a Itália. As duas primeiras você pode conferir aqui e aqui. Agora, traremos nossas considerações finais e esperamos que os leitores possam opinar sobre o que poderia ser trazido para o nosso país.
Sempre que os editores da Mythos/Panini se manifestam sobre a possibilidade de um novo projeto ou querem justificar a não publicação de algum material, eles se remetem às decisões da Itália. Naquele país, está a sede mundial da Panini - por trás de cada decisão, vemos a pouca autonomia dos brasileiros frente às orientações italianas.
Por esse motivo, o modelo de publicação na Itália hoje é o mais parecido com o Brasil em termos de revistas mensais. Isso em termos da redução das principais revistas de linha de 100 para 76 páginas (80, no caso italiano).
Por esse motivo, o modelo de publicação na Itália hoje é o mais parecido com o Brasil em termos de revistas mensais. Isso em termos da redução das principais revistas de linha de 100 para 76 páginas (80, no caso italiano).
As principais revista de linha com 80 páginas são: X-Men (Cable, Uncanny e Legacy), Wolverine (Dark Wolverine, Weapon X e Origins), Capitan America & I Vendicatori Segreti (Capitão América e Vingadores Secretos), Iron Man & I Vendicatori (Homem de Ferro, Vingadores, Academia), Thor & I Nuovi Vendicatori (Thor e Novos Vingadores), Devil & Hulk (Demolidor e Hulk), Fantastici Quattro (Quarteto Fantástico, Doomwar e SHIELD) e Spider-Man (saindo quinzenalmente). A exceção dentro dessas mensais com mix é X-Men Deluxe (New Mutants, X-Force e X-Factor), que tem 96 páginas. O momento cronológico, portanto, está um pouco à frente do que no Brasil, já nas conseqüências de O Cerco.
As principais diferenças em relação ao Brasil são a ausência de revistas exclusivas dos Vingadores, enquanto cada uma das equipes figura dentro da mensal de algum dos membros da Trindade (Capitão América, Thor e Homem de Ferro), a existência de uma revista exclusiva do Quarteto Fantástico, a dobradinha Devil & Hulk que fracassou nas vendas aqui no Brasil, e o Homem-Aranha sendo publicado quinzenalmente (seis história por mês, enquanto no Brasil são 3 mais a publicação bimestral A Teia do Aranha, que traz seis histórias). Além disso, sempre que preciso, as revistas ganham mais páginas para publicar histórias sem cortes.
Os preços para as mensais ficam em 3,90 Euros quando a revista tem 96 páginas; 3,30 Euros quando tem 80 páginas. Ou seja, o formato de 96 páginas sai mais barato para o leitor do que o de 80. No Brasil, é totalmente o inverso: os formatos de 148 páginas são bem mais caros.
As revistas mais fracas comercialmente não ficaram inchadas como no Brasil. Em vez de recorrer a um modelo de 148 páginas, que encarece para o consumidor, por causa da lombada quadrada, na Itália, recorreu-se à publicação dos outros títulos dentro de mensais, mas sempre trazendo arcos fechados.
Os preços para as mensais ficam em 3,90 Euros quando a revista tem 96 páginas; 3,30 Euros quando tem 80 páginas. Ou seja, o formato de 96 páginas sai mais barato para o leitor do que o de 80. No Brasil, é totalmente o inverso: os formatos de 148 páginas são bem mais caros.
As revistas mais fracas comercialmente não ficaram inchadas como no Brasil. Em vez de recorrer a um modelo de 148 páginas, que encarece para o consumidor, por causa da lombada quadrada, na Itália, recorreu-se à publicação dos outros títulos dentro de mensais, mas sempre trazendo arcos fechados.
Marvel Mix (Secret Warriors, Thunderbolts) e Marvel Mega (X-Men Forever, Iron Man Legacy) trazem mensalmente arcos completos de títulos menos rentáveis. For Fans Only sai trimestralmente com especiais (como Assalto ao Novo Olimpo). Outros especiais e arcos fechados saem 100% Marvel (Iron Fist, Deadpool), Marvel Universe (Red Hulk), Marvel Miniserie (Astonishing) e Special Events (Marvel VS. Punisher), sem periodicidade definida. Marvel Monster Edition segue o mesmo de Alemanha e França, com várias edições ligadas a um evento ou fase (Secret Invasion, Dark Reign).
Em geral, as revistas acima funcionam como as antigas Marvel Apresenta, trazendo histórias ou arcos fechados. Com esse mecanismo, embora possam ser mais caras do que as mensais, a Panini Itália viabiliza a publicação de infindáveis materiais, muitos dos quais não vemos no Brasil. Para materiais regulares, ela se utiliza dos títulos que são mensais, como Marvel Mix. Para minis, lança dentro de títulos que não têm periodicidade definida.
Quanto aos crossovers, alguns saem em Marvel Crossover, como War of Kings e Realm of Kings; outros, em Marvel Miniserie (Secret Invasion, Assedio/Siege). O mais interessante é que, apesar de muitas vezes o título de Marvel Crossover ou Miniserie não aparecer, eles seguem uma numeração para facilitar a vida dos colecionadores.
Em geral, as revistas acima funcionam como as antigas Marvel Apresenta, trazendo histórias ou arcos fechados. Com esse mecanismo, embora possam ser mais caras do que as mensais, a Panini Itália viabiliza a publicação de infindáveis materiais, muitos dos quais não vemos no Brasil. Para materiais regulares, ela se utiliza dos títulos que são mensais, como Marvel Mix. Para minis, lança dentro de títulos que não têm periodicidade definida.
Quanto aos crossovers, alguns saem em Marvel Crossover, como War of Kings e Realm of Kings; outros, em Marvel Miniserie (Secret Invasion, Assedio/Siege). O mais interessante é que, apesar de muitas vezes o título de Marvel Crossover ou Miniserie não aparecer, eles seguem uma numeração para facilitar a vida dos colecionadores.
A linha Ultimate sai em Ultimate Comics Avengers e Ultimate Comics Spider-Man, ambas bimestrais e com 48 páginas. O resto da linha sai como especiais de Marvel Mega, que costuma reunir material fora da cronologia principal.
Entre os encadernados, diversas Graphic Novels são publicadas nesse formato, como Thor Per Asgard ou Wolverine Sex + Violence. As Bibliotecas saem como Marvel Masterworks (foram 3 dos Vingadores, 2 do Homem de Ferro, 1 do Quarteto, 1 do Hulk, 1 do Capitão América, 3 do Aranha e 1 do Thor). Os X-Men não ganharam nenhuma versão Masterworks.
Outros encadernados são: Marvel Collection (semelhante aos Maiores Clássicos), Deluxe (os mais novos) e Marvel Gold e Marvel Saga (material clássico). Há também o Marvel Omnibus, com esse formato gigante de mais de 500 páginas. O que se vê, portanto, é que, em diversidade de encadernados, a Itália se aparece muito com o Brasil e está aquém do que é lançado pela própria panini na Espanha.
No geral, o Brasil se espelha muito na Itália: maioria das mensais com 76 páginas, Bibliotecas Históricas saindo quase que no mesmo ritmo que as italianas (recentemente saiu o volume 3 dos Vingadores na Itália, então podemos torcer para que ele saia aqui).
Os encadernados como X-Men do Morrison e Guerra Civil se assemelham ao formato Deluxe italiano. Os clássicos, que antigamente tinham o selo de Maiores Clássicos, são parecidos a Marvel Collection.
Entre as diferenças, as grandes sagas, tanto na Itália como em outros países costumam sair dentro de um título como Marvel Miniserie, embora ele nem apareça na capa, apenas por questão de continuidade.
Os encadernados como X-Men do Morrison e Guerra Civil se assemelham ao formato Deluxe italiano. Os clássicos, que antigamente tinham o selo de Maiores Clássicos, são parecidos a Marvel Collection.
Entre as diferenças, as grandes sagas, tanto na Itália como em outros países costumam sair dentro de um título como Marvel Miniserie, embora ele nem apareça na capa, apenas por questão de continuidade.
No Brasil houve a descontinuação de títulos como Marvel Apresenta ou Especial, que são similares aos 100% Marvel. Com isso, tivemos de fazer mensais com 148 páginas, com mix reforçado, para garantir que alguns materiais, que outrora poderiam sair no formato de arcos fechados, pudessem continuar sendo publicados, agora, dentro dessas mensais.
Também não temos algo como o Marvel Monster, embora sempre publicamos especiais ligados às grandes sagas (como Invasão Secreta Especial, O Cerco Especial, Guerra Civil Especial).
Também não temos algo como o Marvel Monster, embora sempre publicamos especiais ligados às grandes sagas (como Invasão Secreta Especial, O Cerco Especial, Guerra Civil Especial).
A título de um balanço final e retomando os argumentos expostos nesse e nos artigos anteriores, o primeiro ponto a ser ressaltado é que a linha editorial no Brasil segue os movimentos das revistas italianas. Não podemos simplesmente esperar ter uma multiplicidade de formatos (mensais e encadernados) ou a extinção dos mixes, como na Espanha. Se na Itália é diferente – e estamos tão atrelados assim à matriz -, é mais fácil continuar analisando as mudanças introduzidas no país de Da Vinci (e as mensais de lá têm 80 páginas há anos), antes de torcer para que algo chegue aqui. Nesse quesito, o mercado espanhol, ao menos para quadrinhos de super-heróis, parece ser bem mais robusto, o que dá mais autonomia à Panini Espanha.
Outro argumento importante é a questão na concorrência. Espanha e Itália são os países com maior oferta de material Marvel na Europa – o que poucos sabem é que, em ambos os países, ao contrário de Alemanha e França, a DC não é publicada pela Panini, mas sim pela Planeta DeAgostini. Com a necessidade de concorrer com uma outra editora, a Panini precisa manter preços acessíveis e uma quantidade boa de materiais e formatos para não ficar para trás.
Outro argumento importante é a questão na concorrência. Espanha e Itália são os países com maior oferta de material Marvel na Europa – o que poucos sabem é que, em ambos os países, ao contrário de Alemanha e França, a DC não é publicada pela Panini, mas sim pela Planeta DeAgostini. Com a necessidade de concorrer com uma outra editora, a Panini precisa manter preços acessíveis e uma quantidade boa de materiais e formatos para não ficar para trás.
A concorrência é sempre discutida quando se fala do mercado brasileiro. Será que se a Panini Brasil perdesse a DC, ela daria uma maior atenção para os quadrinhos Marvel e para seus leitores?
Não há nesse questionamento nenhum ataque à Panini. Tanto que não vemos nenhuma grande editora que possa rivalizar com a Panini em qualidade de material, por exemplo. Nem nos cabe ficar pontuando os prós e os contras da editora, ou de outras, como a Abril. O fato é que, mesmo a Planeta DeAgostini, que está no mercado brasileiro, aqui ela é muito menor do que é na Espanha e na Itália.
Por último, temos que analisar o próprio mercado de quadrinhos nos EUA. Em fevereiro, a mensal mais vendida não superou 80 mil exemplares, um recorde (negativo) histórico. Como as editoras podem se virar com essa queda drástica no número de leitores?
Muitos clamam pelo fim das revistas impressas. Os tablets estão cada vez mais adequados à leitura de quadrinhos. Pode ser que isso se torne uma realidade, mas, caso eles continuem apenas virtualmente, a prática de pirataria já demonstra que a rentabilidade do negócio também seria bastante reduzida. E perderíamos o prazer de manusear os exemplares e guardá-los em nossa estante.
Enquanto grupos musicais, na era do download gratuito, tiram seus rendimentos não mais dos CDs, mas de shows e ações de marketing, como as editoras de quadrinhos poderão sobreviver, se mesmo com os filmes as vendas parecem não aumentar o suficiente? Um mercado com número reduzido de títulos – aqueles com leitores fiéis – e bons preços, mas cuja margem pode ser ampliada na venda de edições de luxo ou diferentes formatos de encadernado (para que a empresa pratique discriminação de preços e aumente seus lucros), pode ser um caminho.
E o que a Panini pode fazer para angariar mais leitores no Brasil?
Não há nesse questionamento nenhum ataque à Panini. Tanto que não vemos nenhuma grande editora que possa rivalizar com a Panini em qualidade de material, por exemplo. Nem nos cabe ficar pontuando os prós e os contras da editora, ou de outras, como a Abril. O fato é que, mesmo a Planeta DeAgostini, que está no mercado brasileiro, aqui ela é muito menor do que é na Espanha e na Itália.
Por último, temos que analisar o próprio mercado de quadrinhos nos EUA. Em fevereiro, a mensal mais vendida não superou 80 mil exemplares, um recorde (negativo) histórico. Como as editoras podem se virar com essa queda drástica no número de leitores?
Muitos clamam pelo fim das revistas impressas. Os tablets estão cada vez mais adequados à leitura de quadrinhos. Pode ser que isso se torne uma realidade, mas, caso eles continuem apenas virtualmente, a prática de pirataria já demonstra que a rentabilidade do negócio também seria bastante reduzida. E perderíamos o prazer de manusear os exemplares e guardá-los em nossa estante.
Enquanto grupos musicais, na era do download gratuito, tiram seus rendimentos não mais dos CDs, mas de shows e ações de marketing, como as editoras de quadrinhos poderão sobreviver, se mesmo com os filmes as vendas parecem não aumentar o suficiente? Um mercado com número reduzido de títulos – aqueles com leitores fiéis – e bons preços, mas cuja margem pode ser ampliada na venda de edições de luxo ou diferentes formatos de encadernado (para que a empresa pratique discriminação de preços e aumente seus lucros), pode ser um caminho.
E o que a Panini pode fazer para angariar mais leitores no Brasil?
Para aqueles que reclamam dos preços, o formato Marvel + Aventura pode ser uma das primeiras iniciativas para garantir valores mais baixos pelo menos para certos títulos. Para aqueles que reclamam dos mixes, precisam torcer para que a Panini possa viabilizar os carros-chefes em revistas menores, enquanto outros materiais saiam em edições mais encorpadas, reunindo arcos completos, mas de apenas um herói (como a edição de histórias recentes e inéditas da Sociedade da Justiça, que a Panini já anunciou).
Estão faltando mesmo melhores iniciativas de marketing. Grandes marcas fazem pesquisa de mercado para conhecer seus consumidores. E o que vemos a Panini fazer nos últimos anos? Um simples cartão-resposta como encarte das revistas nas bancas ou uma pesquisa virtual séria, com cadastro e informações sigilosas, poderia ajudar a empresa a saber o que seus leitores esperam. Se eles já são poucos, a empresa precisa fazer mais para não perdê-los.
Agora que vocês conhecem como a Marvel é lançada em outros países e, principalmente, como a Panini edita suas linhas, o que acham dos produtos que temos a disposição aqui no Brasil? Estão satisfeito com as atuais publicações? O que mudariam? O que acham que a Panini poderia fazer para o número de leitores crescer?
Estão faltando mesmo melhores iniciativas de marketing. Grandes marcas fazem pesquisa de mercado para conhecer seus consumidores. E o que vemos a Panini fazer nos últimos anos? Um simples cartão-resposta como encarte das revistas nas bancas ou uma pesquisa virtual séria, com cadastro e informações sigilosas, poderia ajudar a empresa a saber o que seus leitores esperam. Se eles já são poucos, a empresa precisa fazer mais para não perdê-los.
Agora que vocês conhecem como a Marvel é lançada em outros países e, principalmente, como a Panini edita suas linhas, o que acham dos produtos que temos a disposição aqui no Brasil? Estão satisfeito com as atuais publicações? O que mudariam? O que acham que a Panini poderia fazer para o número de leitores crescer?
Leonardo Bento
* O Editorial da Universo Marvel 616 agradece a nosso colaborador pela extensiva pesquisa e excelente artigo montado, a qual tivemos o grande prazer de ter a prioridade de publicar aqui em nosso site.