* Artigo escrito por nosso colaborador, Leonardo Bento
Continuando nossa jornada pelas publicações da Marvel ao redor do mundo, selecionamos três países em que a Panini também é responsável pela edição de material daquela editora para podermos comparar com a realidade brasileira. Apesar de muitas diferenças, podemos notar que o Brasil não está tão mal assim no comparativo.
A primeira parte vocês viram aqui. Agora, aventura-se nesta segunda parte:
O artigo de hoje traz três diferentes exemplos de como a Panini trabalha mercados de proporções variáveis. Entre os selecionados de hoje, a Espanha é o menor dos países – contudo, é o que apresenta maior diversificação em sua linha, apostando em mais materiais de 28 páginas e pouco no formato mix, além de trazer diversos tipos de encadernado ao seu mercado; a França é um caso intermediário, que também apresenta boa variedade, mas ainda ligada aos mixes robustos para garantir as vendas, sem contar que os super-heróis enfrentam a forte concorrência dos quadrinhos locais/regionais, como Tintin; a Alemanha, por sua vez, é o país mais populoso da Europa Ocidental, mas cujo mercado para comics ainda é muito fraco, como será mostrado com a análise de suas publicações.
Comecemos pela Alemanha pela relativa simplicidade da linha editorial da Marvel/Panini nesse país.
Em mensais, o país é um verdadeiro desastre e só consegue sustentar títulos relativos aos X-Men e ao Homem-Aranha. Apenas agora, ao final de O Cerco, é que os Vingadores conseguiram um título mensal próprio. Cronologicamente, portanto, eles estão levemente adiantados em relação ao Brasil.
Os X-Men parecem ser os grandes campeões de venda na Alemanha. O título mensal, de 100 páginas, traz Uncanny X-Men, X-Men Legacy e Astonishing X-Men. Similar à X-Men Extra brasileira, também sai a mensal X-Men Sonderband (“volume especial”, em alemão), mas que traz arcos fechados de outros títulos, como Cable, X-Force e New Mutants, em edições de 100 ou mais páginas. Wolverine lá é bimestral, com 76 páginas, trazendo Dark Wolverine e Wolverine Origins. Os dois primeiros arcos de Weapon X saíram em forma de especial. A linha mutante ainda tem X-Men Sonderheft (“edição especial”, em alemão), sem periodicidade definida, para a publicação de outros materiais, como a mini de Psylocke e especiais de Wolverine.
Do restante da Marvel, como mensais temos apenas Spiderman (52 páginas) e Avengers (52 páginas, com Avengers e New Avengers). Iron Man, Thor, Thunderbolts, Daredevil, Hulk, Fantastic Four, Captain America, Realm of Kings, Secret Warriors, Secret Avengers e toda a linha Ultimate saem como encadernados fechados, sem periodicidade definida. O Cerco (sob o nome de “Siege”, assim como o original) saiu no mesmo formato que no Brasil, com edições de 52 páginas que reuniam a mini principal e Embedded.
Há alguns títulos específicos que saem bimestralmente: Marvel Max (histórias do selo MAX, como Justiceiro e Zumbis), 100% Marvel (uma espécie de Marvel Apresenta, que traz materiais como Doomwar e Deadpool) e Im Netz Von Spider-Man (“Na Teia do Aranha”, em alemão), com 100 páginas, publicando tanto especiais, como arcos fechados de Amazing Spiderman, sem prejuízo para a mensal.
De vez em quando sai uma Monster Edition, com vários especiais ou séries ligados a um assunto, como Thor: Son of Asgard e todos os tie-ins de Dark Reign (por exemplo, 280 páginas reunindo as histórias de Miss Marvel, Ares e Hercules).
Além desse número de mensais muito reduzido, os encadernados também são fracos. Republicações antigas, como Bibliotecas Históricas ou Maiores Clássicos, são quase inexistentes. Marvel History (o equivalente às Bibliotecas) teve 2 volumes dos X-Men e 6 do Aranha, publicados até 2007. Nenhum outro herói ganhou edição nesses moldes.
No geral, na Alemanha, as revistas têm valor mínimo de 3,95 € por 52 páginas e 5,95 € por 100 páginas. Edições fechadas especiais de 100 páginas, com tiragem menor, saem até por 12,95 €.
Esse é um grande exemplo da influência da tiragem no valor final do produto, algo muito discutido entre os fãs brasileiros. É muito difícil que a Panini Brasil consiga praticar semelhante diferenciação de preços aqui sem que haja reclamação. Por isso, a editora acaba optando por mudar a página, o papel ou a capa para, juntamente com uma tiragem menor, poder cobrar preços mais elevados, que garantam sua margem de lucro.
Pelo visto, o mercado alemão está pior do que o brasileiro. Só têm expressão os X-Men (incluindo Wolverine) e Homem-Aranha (a revista dos Vingadores, por exemplo, chamava-se, até Siege, Spider-Man & Die Neuen Rächer – “Homem-Aranha e os Novos Vingadores”). E Deadpool ganhou título próprio somente agora. Na Alemanha, muita coisa deixou de ser publicada ou teve a publicação interrompida, como Ghost Rider (interrompida na edição 27 americana), o que mostra que descontinuar um título não é algo exclusivo da Panini no Brasil.
Esse é um grande exemplo da influência da tiragem no valor final do produto, algo muito discutido entre os fãs brasileiros. É muito difícil que a Panini Brasil consiga praticar semelhante diferenciação de preços aqui sem que haja reclamação. Por isso, a editora acaba optando por mudar a página, o papel ou a capa para, juntamente com uma tiragem menor, poder cobrar preços mais elevados, que garantam sua margem de lucro.
Pelo visto, o mercado alemão está pior do que o brasileiro. Só têm expressão os X-Men (incluindo Wolverine) e Homem-Aranha (a revista dos Vingadores, por exemplo, chamava-se, até Siege, Spider-Man & Die Neuen Rächer – “Homem-Aranha e os Novos Vingadores”). E Deadpool ganhou título próprio somente agora. Na Alemanha, muita coisa deixou de ser publicada ou teve a publicação interrompida, como Ghost Rider (interrompida na edição 27 americana), o que mostra que descontinuar um título não é algo exclusivo da Panini no Brasil.
A França já traz muito mais material mensal do que a Alemanha. Assim como no Brasil, a Panini francesa precisa lançar mão de revistas mix para conseguir manter suas vendas. Contudo, lá as publicações ainda mantém o antigo formato de 100 páginas.
Cronologicamente, a França também está avançada em relação ao Brasil. O Cerco (“Siege”) e Second Coming acabaram recentemente. A Panini, então, aproveitou para zerar algumas revistas como parte da nova Era Heroica da Marvel.
Cronologicamente, a França também está avançada em relação ao Brasil. O Cerco (“Siege”) e Second Coming acabaram recentemente. A Panini, então, aproveitou para zerar algumas revistas como parte da nova Era Heroica da Marvel.
A mensal dos X-Men (96 páginas) voltou ao número 1, trazendo Novos Mutantes, Legacy e Uncanny. Substituindo a antiga mensal Astonishing X-Men, foi criado a mensal X-Men Universe, com 96 páginas e incluindo as histórias de X-Force e X-Factor, e outra de periodicidade irregular chamada X-Men Hors Series. Na linha mutante, Wolverine (48 páginas) permanece com sua mensal sem a numeração alterada, com Dark Wolverine, Wolverine Origins e Weapon X. Deadpool também ganhou uma mensal, de 48 páginas. Há um título trimestral (X-Men Extra), que sempre traz material completo, como minis e especiais, com páginas variáveis - não foi informado se ele continua com a reformulação.
Entre as mensais do restante da Marvel, a única que permanece com numeração inalterada é a Spiderman (96 páginas). O Aranha ainda tem outro título chamado Spider-Man Hors Series, sem periodicidade definida, para publicar especiais.
Para a publicação das demais mensais de 96 páginas, a Panini francesa adotou títulos zerados e com nomes genéricos (semelhantes a Universo Marvel aqui no Brasil). Marvel Heroes publica Avengers, Hulk e Thor; Marvel Stars traz Secret Avengers, Secret Warriors, Thunderbolts, e edições ligadas a Fall of the Hulks; e Marvel Icons reúne New Avengers, Iron Man e Fantastic Four. Mixes aparentemente desconexos, mas que podem ser a única maneira de garantir as vendas.
Como trimestral, estreou recentemente Marvel Top, para publicar material fechado – Marvel Heroes Extra também cumpre essa função. São edições parecidas com as antigas Marvel Especial brasileiras. Outros títulos saem em arcos fechados dentro de revistas como 100% Marvel (Zombies, Daredevil, Cavaleiro da Lua), Marvel Universe Hors Série (Punisher e algumas minisséries fechadas), Marvel Universe (boa parte das histórias da parte cósmica), Marvel Icons Hors Série (Capitão America e material dos Vingadores), Max (Punisher Max) e Marvel Saga (Doomwar, Hercules, dentre outros).
Muito diferente do que existe no Brasil, a Marvel Monster - sempre edições robustas de quase 300 páginas - traz material ligado a um título que não sai em mensais ou tie-ins de um grande evento (de Dark Reign, por exemplo). Por fim, a linha Ultimate sai bimestralmente nas revistas Ultimate Avengers e Ultimate Spider-Man. De forma irregular, outros materiais saem em Ultimate Hors Série, com arcos ou minis completas.
O valor das mensais de 96 páginas naquele país variam entre 4 € e 4,60 €. As de 48 páginas custam entre 3,90 € e 4 €.
As republicações saem em Marvel Deluxe (material mais recente, como Guerra Civil), Best of Marvels (parecido co nossos Maiores Clássicos), L’Integrale (nos moldes de Maiores Clássicos, mas trazendo um ano completo de histórias). Materiais antigos também acabam de ganhar uma nova revista, trimestral, chamada Marvel Classic.
Na França, uma característica interessante é que sempre que necessário, um título ganha mais páginas (com alteração proporcional no preço) para adequar o conteúdo a uma única edição. Essa prática ocorre com maior frequência do que no Brasil.
Outra característica marcante é a existência de títulos sem periodicidade. Foi a forma encontrada para publicar especiais ou outros materiais ligados a determinados personagens, dentro de um mesmo selo, mas sem ter de seguir nenhuma regularidade. Assim como no Brasil, há alguns títulos regulares que só têm algumas edições – as mais relevantes - publicadas na França, como os ligados a Hércules, por exemplo.
Apesar de apresentar maior diversificação em relação à Alemanha, precisa fortemente do sistema de mixes bem-variados para manter mensais nas bancas.
Outra característica marcante é a existência de títulos sem periodicidade. Foi a forma encontrada para publicar especiais ou outros materiais ligados a determinados personagens, dentro de um mesmo selo, mas sem ter de seguir nenhuma regularidade. Assim como no Brasil, há alguns títulos regulares que só têm algumas edições – as mais relevantes - publicadas na França, como os ligados a Hércules, por exemplo.
Apesar de apresentar maior diversificação em relação à Alemanha, precisa fortemente do sistema de mixes bem-variados para manter mensais nas bancas.
Por fim, o mercado mais variado é o da Espanha, com formatos bastante dinâmicos – mensais com poucas ou muitas páginas, especiais sem periodicidade definida e boa variedade de encadernados.
Na Espanha, os grandes campeões de venda conseguem sair em edições de 28 ou 32 páginas, assim como nos Estados Unidos. Esse é o formato adotado para publicar Patrulla X (Uncanny X-Men), X-Men (o novo título, de Victor Gischler), Astonishing X-Men, X-Men Legado, X-Factor e X-Force, na linha mutante.
Os Novos Mutantes (Nuevos Mutantes) saíram em encadernados de 160 páginas, exceto os capítulos de Second Coming, que saíram em Legado. Deadpool (Masacre) e Cable saem em encadernados. Wolverine tem uma mensal (Lobezno) de 48 páginas, que publica Dark Wolverine, Wolverine Origins, Weapon X e alguns especiais.
Para o resto da Marvel, na forma de mensal, atualmente, no início de La Edad Heroica, saem: Asombroso Spiderman, Capitán América, Los Nuevos Vingadores, Los 4 Fantásticos, Guerreros Secretos, El Invencible Iron Man, Los Vengadores, Vengadores Secretos,Thor e World War Hulks. Em geral, todas essas acima trazem apenas uma história, exceto Spiderman, que publica ou arcos fechados ou minis, em edições mensais que superam as 100 páginas; e a do Hulk, que traz material de todas as mensais do personagem.
Assim como na França, quando há histórias maiores, a revista ganha mais páginas. Além disso, em alguns meses, a Panini opta por lançar duas edições originais em uma espanhola. Os títulos de 28 páginas saem a 1,95 €. Os de 48 páginas saem a 3,25 €. Quando são necessárias 76 páginas, o valor é de 3,90 €.
Ultimate Comics sai em encadernados com arcos fechados de cada história de linha, ou dependendo do personagem, como Spiderman, em edições bimestrais de 48/72 páginas. As demais séries ou minis não saem na forma de mensal, mas sim com arcos fechados, como falaremos a seguir.
Ultimate Comics sai em encadernados com arcos fechados de cada história de linha, ou dependendo do personagem, como Spiderman, em edições bimestrais de 48/72 páginas. As demais séries ou minis não saem na forma de mensal, mas sim com arcos fechados, como falaremos a seguir.
Para edições robustas, há, a exemplo dos outros países analisados, a Marvel Monster, com materiais novos a altos preços. Semelhante às Marvel Apresenta do Brasil, há a 100% Marvel, que traz material como a Linha Noir. Outros materiais especiais também saem em encadernados fechados, sem um selo ou periodicidade específica, como World War Hulk: Heroes, Los Nuevos Vingadores: Luke Cage, dentre outros. Esses têm menos páginas e preços mais acessíveis.
Quanto aos encadernados espanhóis, há a linha Marvel Gold, com a publicação de material antigo (não apenas dos figurões, mas também de Capitão Marvel, que se assemelha aos nossos Maiores Clássicos). Em capa dura, sai Marvel Deluxe, com um preço um pouco mais caro e material mais novo (Ultimate X-Men, Civil War: Iron Man); Coleccionable Marvel Héroes, trazendo histórias clássicas (Spiderman: La Muerte de los Stacy, La Patrulla-X: La saga de Fénix Oscura), com preços impressionantemente reduzidos para os padrões dos outros títulos – 10 € por 200 páginas; ou Marvel Graphic Novel, com especiais ou encadernados fechados de material que não entram nas revistas mensais, como Puño de Hierro.
Outra linha distinta, que não temos no Brasil é a BoME. Ela é um misto entre Bibliotecas Históricas e Maiores Clássicos, com grandes materiais em capa dura, mas não necessariamente seguindo uma ordem cronológica como as Bibliotecas. Saíram pela linha BoME, por exemplo, Daredevil de Frank Miller, Thor de Walter Simonson e títulos do selo Marvel Knights.
Também existem as Bibliotecas Histórias na Espanha, muito semelhantes ao Brasil, com o nome de Marvel Masterworks. Assim como por aqui, os X-Men só tiveram duas edições; o Quarteto teve duas, Hulk, uma; e Vingadores, duas. O Homem-Aranha não teve nenhuma, pelo menos de acordo com a disponibilidade das informações no site (a fase Lee-Ditko saiu em BoME, por exemplo).
No geral, na Espanha há uma grande diversidade de revistas mensais, justamente pela opção de publicar nos moldes das edições originais, com 28 páginas. Contudo, isso não se reflete tanto em número de títulos americanos publicado, mas apresenta variedade melhor do que vemos no Brasil. Algumas revistas não muito comerciais, como Punisher, Daredevil, a linha cósmica, Gavião Arqueiro e Harpia, só conseguem sair em encadernados fechados, mas, ao menos, saem. Alguns desses, por exemplo, dificilmente veremos no Brasil.
O que mais distingue Brasil e Espanha é a diversidade nos modelos dos encadernados. Além desses mais simples, para trazer revistas contemporâneas que não conseguem sustentar um título mensal, há diversos formatos para material republicado – desde os mais recentes (no formato Deluxe) até os clássicos (que podem sair via BoME, Masterworks e Marvel Heroes).
Agora que sabemos mais sobre a Marvel em três diferentes países, fica para a última edição dessa cobertura as publicações da Panini na Itália – as quais ditam fortemente o ritmo do que sai no Brasil – e nossas conclusões sobre esse grande comparativo.
Até lá!
Leonardo Bento
No geral, na Espanha há uma grande diversidade de revistas mensais, justamente pela opção de publicar nos moldes das edições originais, com 28 páginas. Contudo, isso não se reflete tanto em número de títulos americanos publicado, mas apresenta variedade melhor do que vemos no Brasil. Algumas revistas não muito comerciais, como Punisher, Daredevil, a linha cósmica, Gavião Arqueiro e Harpia, só conseguem sair em encadernados fechados, mas, ao menos, saem. Alguns desses, por exemplo, dificilmente veremos no Brasil.
O que mais distingue Brasil e Espanha é a diversidade nos modelos dos encadernados. Além desses mais simples, para trazer revistas contemporâneas que não conseguem sustentar um título mensal, há diversos formatos para material republicado – desde os mais recentes (no formato Deluxe) até os clássicos (que podem sair via BoME, Masterworks e Marvel Heroes).
Agora que sabemos mais sobre a Marvel em três diferentes países, fica para a última edição dessa cobertura as publicações da Panini na Itália – as quais ditam fortemente o ritmo do que sai no Brasil – e nossas conclusões sobre esse grande comparativo.
Até lá!
Leonardo Bento
