Franklin e Valeria - Crianças Fantásticas

Em 1961 foi criada a primeira família de super-heróis na Marvel Comics, definindo um estilo mais próximo do leitor que, até então, nenhuma outra editora tinha pensado. E como toda boa família que se preze, a presença de crianças é fundamental. Assim, vieram ao mundo duas crianças fantásticas – Franklin e Valeria Richards – filhos do Casal mais fantástico dos quadrinhos.

Vindo de um grupo tão complicado como o Quarteto Fantástico, é de se esperar que a origem destes dois seja nada menos que muito complexa. Assim, segure-se onde puder, porque você estará diante de viagens no tempo e em outras realidades a partir de então.

Franklin é o mais velho dos filhos. Veio ao mundo dos quadrinhos em 1968, na sexta anual do Quarteto Fantástico. Nasceu na cidade de Nova York e desde cedo revelou-se como mutante, um mutante incomum que já ativava seus poderes desde criança. Isso atraiu interesse de vilões como o Aniquilador e obrigou o Senhor Fantástico a colocar o filho em coma por um tempo. Ao despertar do coma após um incidente entre o Quarteto e Ultron, Franklin derrotou o inimigo e usou seus poderes mais tarde para envelhecer. Ficou adulto por certo tempo, autodenominando-se Avatar, mas sabendo ser errado, decidiu regressar à forma infantil, mas não antes de colocar bloqueios mentais impedindo que acionasse seus dons prematuramente.

Contudo, mesmo assim, a vida heróica de Franklin não pararia. Enquanto sua mãe estava grávida pela segunda vez e se afastou para cuidar da gravidez, ele conheceu os garotos da família Power, que, em segredo, agiam como o Quarteto Futuro. Tornaram-se um quinteto, e isso provavelmente promoveu um pequeno vazamento nos bloqueios do Franklin – ele começava a demonstrar dons de premonição e projeção astral. Teve um relacionamento quase fraternal com Kofi, um jovem alien da mesma raça daquele que deu os poderes aos Powers e uniou-se ao Quarteto Futuro por breve tempo.

A amizade entre os Powers e Franklin tornou-se forte, e até mesmo os pais das crianças acabaram se tornando amigos (indiferentes ao conhecimento das aventuras dos seus pequenos). A idéia de dar ao pequeno Franklin uma infância normal acabou afastando-o de seus pais. O pequeno Richards passou um tempo sob os cuidados de Jarvis na mansão dos Vingadores e parte sob a tutela da família Power (até o Quarteto Futuro desaparecer numa missão rumo a Kymellian).

Então, retornando aos seus pais, Franklin acabou vivendo novas aventuras no espaço tempo, capturado por seu avô, Nathaniel Richards, um viajante do tempo que o levou para o futuro a fim de criá-lo e treiná-lo. Franklin retorna imediatamente ao presente, só que bem mais velho, assumindo o codinome de Psi-Lord. As confusas aventuras do Psi-Lord duraram algum tempo nas histórias do Quarteto, formou um novo grupo chamado Fantastic Force e, por fim, combate seu próprio filho do futuro, Hyperstorm, fruto da união de Franklin com a Rachel Summers do futuro. É uma coisinha bem complicada que só o Diogo pra entender e ter explicado previamente aqui!

Franklin volta a ser criança mais uma vez, mas não se livra do perigo que sempre o rodeia. É justamente no final do milênio passado que surge a ameaça do Massacre, que coloca ameaça todos os heróis Marvel. Eles acabam sendo dados como mortos, mas a grande verdade é que o pequeno Franklin os protegeu, inconscientemente, em um novo mundo recém-criado sob a forma de uma bola que ele sempre carregava.

Como órfão, Franklin viveu entre outros mutantes da Geração X, sempre ao lado de Sanguessuga, que o ajudava a manter seus poderes sob controle, e de Artie, o pequeno mutantezinho que fala através de hologramas. Viveu mais uma vez novas aventuras, até que sua família retornou com uma ajudinha dele.

Foi então, que veio Valéria.

Não como criança ainda, mas sim como uma adulta crescida e com completo controle de suas habilidades. Chris Claremont cuidava dos roteiros (que vimos inicialmente na fase Premium aqui no Brasil) e criou o maior rebuliço na família fantástica, porque Valéria se dizia filha de Sue com o Dr. Destino.

As explicações para essa possível futura união atormentou leitores e o próprio casal. Uma luz do que estava por vir surgiu quando Reed, por um momento, ficou preso na armadura de Destino, provavelmente explicando a origem da garota. Contudo, ele conseguiu sair daquela prisão, não justificando a existência da Valéria do futuro.

As explicações do futuro da garota só foram dadas mais tarde por Jeph Loeb, que resgatou a segunda gravidez – não bem sucedida – da Sue na década de 80, recontando a história como se, na verdade, ela tivesse sido salva por Franklin e criada pela guardiã Roma até então. O Destino da adulta Valéria no Quarteto se concluiria na épica batalha do grupo contra a ameaça de Abraxas, onde a moça uniu-se ao irmão Franklin para reconstruir Galactus. O resultado final disso tudo foi o Franklin perdendo seus poderes e Valéria regressando ao estado de feto dentro da barriga da Sue.

Essa nova gravidez da Sue não foi menos complicada que a anterior. Foi em 2002 que ocorreu seu parto e, na ausência de Reed, que estava resolvendo uma séria crise, Johnny Storm teve que recorrer ao inimigo Victor Von Doom para que a sua sobrinha tivesse condições de nascer. Destino concordou em usar seus conhecimento científicos e místicos para ajudar a criança a vir à luz, mas em troca exigiu que o nome dela fosse Valéria, relembrando um amor antigo do vilão (que ele mesmo assassinou).

Mas não só o nome de Valéria tinha sido herdado de Destino. O latveriano lançou nela um feitiço que a tornou um “espírito familiar”. Assim, estava sob o domínio do vilão, até que o Quarteto conseguiu reverter a magia. A ligação de Destino com Valéria foi tão forte que a primeira tentativa de palavra da garota foi nada mais nada menos do que “Doom”.

Pequenas outras aventuras na fase Mark Waid foram vivenciadas pelas crianças. O jovem Franklin passou por um severo trauma no inferno e, depois, as duas crianças ainda passaram por um sério risco de serem afastados de seus país por uma Organização de Cuidados a Crianças e Adolescentes.

Hoje, as duas crianças fantásticas continuam vivendo entre sua família, ao lado de seus pais, do tio Ben e do tio Johnny, sem nenhum traço de manifestação de seus perigosos poderes. Uma vida mais digna para alguém da idade deles, merecida depois de tantas aventuras fantásticas.


Coveiro.